Organizadores da feira contam que
pretendem transformar a área em um polo cultural
Naíse Domingues*
Conhecida pela proximidade com a Vila
Mimosa, a Rua Ceará, em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio, recebe neste
sábado o Mercadinho Ceará Street, uma feira cultural especialmente para os
amantes do rock. Esta será a sexta e maior edição do evento, que surgiu em 2016
com o nome de Mercadinho Mimosa. Ao todo quatro bares da região irão participar
da feira que terá shows, exposições de arte, desfile de moda e produtores
artesanais.
O local que divide a fama com a
vizinha Vila Mimosa, conhecido local de prostituição do Rio, passou a ser ponto
de encontro para amantes do rock ‘n roll na cidade quando se tornou endereço do
primeiro motoclube do Brasi, na década de 1980. Agora, chamada Ceará Street, a
feira é definida pelos organizadores como uma ocupação cultural voltada para o
público rock e alternativo. Duck Walk Pub 1 casa lotada. Foto Divulgação: Roberto Avelar ^^^
Quando começou sob o formato de evento
de moda, ocupava apenas o bar Porto Pirata, que também participa desta edição.
Ana Tinan, uma das organizadoras, conta que a ideia de expandir o evento para a
rua foi inspirada pelo histórico do local como endereço de oficinas de moto e
bares. Com a expansão, esta edição será a maior já realizada. É esperado que 2
mil pessoas circulem pela feira durante as dez horas de evento, estimando uma
arrecadação superior a R$ 10 mil.
<<<Mapa mostra o trecho da Rua Ceará que
será ocupado pela Mercadinho Ceará Street
Foto: Divulgação
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– Acredito que a entrada do Grão Pissurno foi fundamental para o evento! Amadurecemos e chegamos no formato que
queríamos desde o início – comemora Ana.
Apesar de estar participando da
organização da feira pela primeira vez, Grão tem uma história de mais de 25
anos com a rua. Frequentador assíduo do Garage Art Cult, casa de espetáculos
conhecida como o reduto do underground brasileiro nas décadas de 1980 e 1990,
ele conta que o evento pode ser o primeiro passo para que o local volte a ter a
mesma força de antigamente para o cenário alternativo carioca, inclusive como
impulsionador de novas bandas.
– A Rua Ceará é muito interessante
porque não para, mas o movimento caiu 80%. Por isso precisamos criar um polo
porque se encaixa perfeitamente ali. No evento, as pessoas terão uma ideia de
como era antigamente. A Rua Ceará ainda é o espaço mãe desse movimento
alternativo – analisa o produtor musical que também trabalha como DJ nos bares
da rua.
Veterano entre os bares participantes
e local onde o evento nasceu, o bar Porto Pirata existe há 6 anos na esquina da
Rua Ceará com a Lopes de Sousa. Inspirado nos bares e clubes de Berlim, a
promessa da casa são as tradicionais empanadas argentinas e um cardápio
surpresa para quem visitar a feira.
Fachada do bar Ponto Pirata, primeiro
bar a participar do Mercadinho Ceará Street
Foto: Divulgação / Jota Zeferino
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– Estamos animados pro evento! Com
todos os bares participando, a gente fortalece a região, que sempre foi
conhecida por ser o berço do rock aqui no Rio, e a festa fica maior e mais
democrática – comenta Carol Nobre, sócia do bar.
Suzana Bolk, proprietária do Duck Walk
Pub que funciona há 8 anos no endereço, adianta que a cozinha do bar preparou
um cardápio diferenciado exclusivamente para dia do evento. O local que
habitualmente serve hambúrguer artesanal readaptou o menu para que o público
pudesse comer em movimento e conhecer melhor todas as atrações oferecidas e já
reforçou o estoque de cerveja artesanal e sanduíches para atender a todos.
– É um cardápio melhor para se comer
em movimento porque é um público diferente das pessoas que sentam aqui para assistir
a shows – comenta a proprietária que também espera um público novato na feira –
Muita gente que tem uma ideia errada do local por causa da proximidade com a
vila mimosa, mas também esperamos um público que não conhece a rua ainda. Que
seja o primeiro evento de muitos para unir a rua e trazer de volta o público
que sempre frequentou – completa.
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