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Secos & Molhados foi um grupo vocal brasileiro da década de 1970
cuja formação clássica consistia de João Ricardo (vocais, violão e harmônica),
Ney Matogrosso (vocais) e Gérson Conrad (vocais e violão). João havia criado o
nome da banda sozinho em 1970 até juntar-se com as diferentes formações nos
anos seguintes e prosseguir igualmente sozinho com o álbum Memória Velha
(2000).
No começo, as apresentações ousadas, acrescidas de um figurino e uma
maquiagem extravagantes, fizeram a banda ganhar imensa notoriedade e
reconhecimento, sobretudo por canções como "O Vira", "Sangue
Latino", "Assim Assado", "Rosa de Hiroshima", que
misturam danças e canções do folclore português como o Vira com críticas à
Ditadura Militar e a poesia de Cassiano Ricardo, Vinícius de Moraes, Oswald de
Andrade, Fernando Pessoa, e João Apolinário, pai de João Ricardo, com um rock
pesado inédito no país, o que a fez se tornar um dos maiores fenômenos musicais
do Brasil da época e um dos mais aclamados pela crítica nos dias de hoje.
Seu álbum de estréia, Secos e Molhados I (1973), foi possível graças à
tais performances que despertaram interesse nas gravadoras, e projetou o grupo
no cenário nacional, vendendo mais de 700 mil cópias no país. Desentendimentos
financeiros fizeram essa formação se desintegrar em 1974, ano do Secos e
Molhados II, embora João Ricardo tenha prosseguido com a marca em Secos &
Molhados III (1978), Secos e Molhados IV (1980), A Volta do Gato Preto (1988),
Teatro? (1999) e Memória Velha (2000), enquanto Gérson continuou a tocar
sozinho. Do grupo, Ney Matogrosso é o mais bem-sucedido em sua carreira solo, e
continua ativo desde Água do Céu Pássaro (1975).
Os Secos & Molhados estão inscritos em uma categoria privilegiada
entre as bandas e músicos que levaram o Brasil da bossa nova à Tropicália e
então para o rock brasileiro, um estilo que só floresceu expressivamente nos
anos 80. Seus dois álbuns de estréia incorporaram elementos novos à MPB, que
vai desde a poesia e o glam rock ao rock progressivo, servindo como fundamental
referência para uma geração de bandas underground que não aceitavam a MPB como
expressão. O grupo continua a ganhar atenção das novas gerações: em 2007, a
Rolling Stone Brasil posicionou o primeiro LP em quinto lugar na sua lista dos
100 maiores discos da música brasileira e em 2008 a Los 250: Essential Albums
of All Time Latin Alternative - Rock Iberoamericano o colocou na 97ª posição.
História
PRIMEIROS ANOS
A formação inicial do grupo era composta por: João Ricardo (violão de
doze cordas e gaita), Fred (bongô) e Antônio Carlos, ou Pitoco, como é mais
conhecido. O som completamente diferente à época, fez com que o Kurtisso Negro
de propriedade de Peter Thomas, Oswaldo Spiritus e Luiz Antonio Machado no
bairro do Bixiga, em São Paulo, local onde o grupo se apresentava, fosse
visitado por muitas pessoas, interessadas em conhecer o grupo. Entre os
“curiosos” estava a cantora e compositora Luhli, com quem João Ricardo compôs
alguns dos maiores sucessos do grupo ("O Vira" e "Fala").
Fred e Pitoco, em julho de 1971, resolvem seguir carreira solo e João
Ricardo sai à procura de um vocalista. Por indicação de Heloísa Orosco Borges
da Fonseca (Luhli), conhece Ney Matogrosso, que muda-se do Rio de Janeiro para
São Paulo. Depois de alguns meses, Gerson Conrad, vizinho de João Ricardo, é
incorporado ao grupo. O Secos & Molhados começa a ensaiar e depois de um
ano se apresenta no teatro do Meio, do Ruth Escobar, que virou um misto de
bar-restaurante chamado "Casa de Badalação e Tédio".
FORMAÇÃO CLÁSSICA (1973-1974)
No dia 23 de maio de 1973, o grupo entra no estúdio "Prova"
para gravar – em sessões de seis horas ao dia, por quinze dias, em quatro
canais – seu primeiro disco, que vendeu mais de 300 mil cópias em apenas dois
meses, atingindo um milhão de cópias em pouco tempo.
Os Secos & Molhados se tornaram um dos maiores fenômenos da música
popular brasileira, batendo todos os recordes de vendagens de discos e público.
O disco era formado por treze canções que ao ver da crítica, parecem atuais até
os dias de hoje. As canções mais executadas foram "Sangue Latino",
"O Vira", e "Rosa de Hiroshima". O disco também destaca
inúmeras críticas a ditadura militar que estava implantada no Brasil, em
canções como o blues alternativo "Primavera nos Dentes" e o rock
progressivo "Assim Assado" – esta de forma mais explícita em versos
que personificam uma disputa entre socialismo e capitalismo. Até mesmo a capa
do disco foi eleita pela Folha de São Paulo como a melhor de todos os tempos de
discos brasileiros.
O sucesso do grupo atraiu a atenção da mídia, que convidou-os para
várias participações na televisão. As mais relevantes foram os especiais do
programa Fantástico, da Rede Globo. Sempre apareciam com maquiagens inusitadas,
roupas diferentes sendo uma das primeiras e poucas bandas brasileiras a
aderirem ao glam rock.
Em fevereiro de 1974, fizeram um concerto no Maracanãzinho que bateu
todos os índices de público jamais visto no Brasil - enquanto o estádio
comportava 30 mil pessoas, outras 90 mil ficaram do lado de fora. Também em
1974 o grupo sai em turnê internacional, que segundo Ney Matogrosso, gerou
oportunidades de criar uma carreira internacional sólida.
Em agosto do mesmo ano, é lançado o segundo disco de estúdio da banda,
que tinha em destaque "Flores Astrais", único hit do disco. O
lançamento do disco foi pouco antes do fim da formação clássica da banda, que
ocorreu por brigas internas entre os membros. Talvez por este motivo o segundo
álbum – que veio sem título, e com uma capa preta – não tenha feito tanto sucesso
comercial como o primeiro.
PERÍODO DE INATIVIDADE (1974-1977)
Após o fim do grupo Secos & Molhados, os três membros seguiram em
carreira solo. Ney Matogrosso lançou no ano seguinte, em 1975, seu primeiro
disco solo com o nome de "Água do Céu-Pássaro" (recheado de
experimentalismos musicais) e com o sucesso "América do Sul". João
Ricardo lançou também em 1975 seu disco homônimo, mais conhecido por Disco
Rosa/Pink Record. Gerson Conrad juntou-se a Zezé Motta e lançou um disco também
em 1975.
João Ricardo adquiriu os direitos autorais sob o nome Secos &
Molhados, após algumas brigas na justiça, e saiu a procura de novos músicos
para que a banda tivesse novas formações.
OUTRAS FORMAÇÕES
A primeira formação após o fim do grupo em 1974 surgiu em maio de
1978, João Ricardo lançaou o terceiro disco dos Secos & Molhados com Lili
Rodrigues, Wander Taffo, Gel Fernandes e João Ascensão. O terceiro disco foi
lançado, e mais um sucesso do grupo – o que seria o último de reconhecimento
nacional, e único fora da formação original – "Que Fim Levaram Todas as
Flores?", uma das canções mais executada no Brasil naquele ano, o que
trouxe o novo grupo de João Ricardo às apresentações televisivas.
No mês de Agosto de 1980, junto com os irmãos Lempé – César e Roberto
– o Secos e Molhados lançaram o quarto disco, que não teve sucesso comercial. A
quinta formação do grupo nasceu no dia 30 de junho de 1987, com o enigmático
Totô Braxil, em um concerto no Palace, em São Paulo. Em maio de 1988 saiu o
álbum "A Volta do Gato Preto", que foi o último da década.
Simplesmente sozinho, em 1999, João Ricardo lançou "Teatro?"
mostrando definitivamente a marca do criador dos Secos e Molhados.
De acordo com o site oficial da banda, João retomou os trabalhos do
grupo em junho de 2011 com a entrada de um novo integrante, Daniel Iasbeck. A
dupla lançou em novembro do mesmo ano o álbum autobiográfico intitulado
"Chato-boy". Em 2012 iniciaram nova turnê.
ORIGEM DO NOME
O nome foi criado por João Ricardo, quando, nas proximidades de
Ubatuba, em um dia chuvoso, viu uma placa de armazém balançando anunciando o
tema "Secos e Molhados". Isto lhe chamou a atenção, e antes mesmo do
surgimento da banda, surgiu a ideia do nome e alguns outros conceitos que a
consistiriam foram se formando. Eles passaram uma grande temporada em Crixás.
REFERÊNCIAS CULTURAIS
A canção "O Vira" é passada para frente de geração à
geração, e até hoje, trinta anos depois do fim da formação original do grupo, é
executada em rádios e programas de televisão.
Em 2003 foi lançado o disco "Assim Assado: Tributo aos Secos
& Molhados", que contavam com versões das músicas do disco de 1973 na
voz de outros artistas. Entre eles, Nando Reis, Arnaldo Antunes, Pitty, Tony
Garrido, Ritchie e outros. (Texto: Wikipédia)